quarta-feira, 4 de abril de 2007

Relação Trabalho x Malandragem na "Ópera do Malandro" de Chico Buarque.

Estou postando o link da tese de FRANCISCUS WILLEM ANTONIUS MARIA VAN DE WIEL, denomidada TRABALHO E MALANDRAGEM COMO REPRESSÃO E TRANSGRESSÃO NAS CANÇÕES DA ‘ÓPERA DO MALANDRO’ DE CHICO BUARQUE apresentada em 2003 para o seu doutorado na PUC - SP. O trabalho realizado por Franciscus é extremamente interessante. está em PDF e tem aproximadamente 206 páginas.
Vou apresentar também o resumo dessa tese para que todos possam saber um pouco mais sobre o trabalho antes de lê-lo. Abraços.


"RESUMO
Este trabalho tem como objetivo investigar como as imagens construídas
no discurso das canções da Ópera do Malandro, de Chico Buarque, sobre
trabalho e malandragem, refratam e refletem o discurso fundador brasileiro. Esse
discurso se opõe à concepção de que nossos primeiros habitantes, segundo os
tomos de História do Brasil que lemos na escola tradicional, não teriam lastro
cultural para conviver com o elemento branco europeu, e, conseqüentemente,
trabalhar para ele. Os silvícolas brasileiros, e, posteriormente, os brasileiros em
geral, na verdade, assumem uma postura passiva, silenciosa, ou ainda aquela de
não trabalhar, fato que se apóia na rede tecida pelo discurso do colonizador de
que são incompetentes e de que nada sabem sem a interferência do discurso
dominante, o que, por sua vez, inconscientemente, segundo o nosso ponto de
vista, constitui um discurso de resistência.
Metodologicamente, empreendemos no nosso trabalho um vaivém dialético
entre a história das formações ideológica e discursiva de nosso povo e as
canções que analisamos. Em vista disso, empreendemos um levantamento da
situação de enunciação constituinte do discurso sobre o corpus que examinamos.
Essa historicidade fundamenta o aparecimento de imagens que se perpetuam na
práxis social e encontram-se nas canções da Ópera, de Chico, não mais em
forma de clichês, mas modificadas discursivamente pelo viés da ironia, base da
carnavalização de seu discurso.
Como suporte teórico, trabalhamos com as noções de ironia, paratopia de
personagem e de espaço, discurso fundador, amarrados dentro da cenografia de
Dominique Maingueneau. Os resultados colhidos, ou sejam, as imagens
pesquisadas nas canções, refletem, sim, as imagens formadas no seio de nossa
sociedade, nas suas mais variadas formas de expressão, porém modificadas,
metamorfoseadas, invertidas pelos mecanismos discursivos da carnavalização,
propostos por Bakhtin."

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